terça-feira, 14 de junho de 2011

Agora não é hora de amarelar!!!


Eu iria dizer que tenho vergonha de ser catarinense, pois não merecemos os representantes políticos que temos. Eu iria mesmo dizer isso, mas refleti no fundo do meu âmago e encontrei outras respostas para perguntas que nem havia feito ainda.

Sobre tudo que foi veiculado sobre a nossa greve dos professores de Santa Catarina, uma crítica em especial me chamou a atenção: não se trata de um movimento político. Bem, talvez não tenha sido dito dessa forma, mas foi assim entendido. Sim, disseram que nenhuma bandeira de partido emoldurava nosso movimento e por isso o trataram como legítimo! Oras, e por quais cargas d’água não deveriam haver bandeiras de partidos em nosso movimento? Isso é óbvio, não é? Onde estariam os partidos governistas? Na greve juntamente com os professores? Impossível, né. Ou você é oposição e fica ao lado dos mestres, ou você é governo e nos ataca com pedras, paus e os tradicionais cacetetes da polícia militar. Aliás, estamos realizando um movimento até pacífico demais, não acham? Temos uma lei ao nosso lado, porque faríamos diferente?

O esvaziamento partidário não é uma coisa boa num movimento social tão grande quanto é essa greve dos professores. Se os partidos políticos não tem mais função, cabe ao povo organizar-se de outra forma e prover o espaço em branco que pode vir a se concretizar. O problema maior é que o esvaziamento partidário pode levar a um esvaziamento político, que já é gritante. E não podemos jamais deixar de lembrar que todo movimento social é político, mesmo os não-movimentos e os apolíticos também o são.

Por outro lado, eu encontrei o meu orgulho catarinense escondidinho dentro de mim. Quando leio os comentários dos professores indignados com nosso (des)governo e afirmando veemente que a greve continua, eu ainda percebo que há um resto de esperança. Esperança moribunda, é verdade, mas ainda resiste! Depois de ver quase 30 mil professores em duas assembléias, torna-se impossível perder de todo a esperança.

O governo tenta nos cansar, a mídia já tenta colocar a sociedade contra a nossa força, mas esquecem-se que é uma greve legítima de quase 95% dos professores. Estaríamos nós errados? Creio que não.

Fala-se tanto dos alunos, mas, por favor, o tempo todo se fala dos alunos!!! É a hora de falar do professor! É o nosso momento! E sim, nós não esquecemos de nosso alunos, afinal, são a maior parte de nossas vidas, como esquece-los?!

Por isso repito aqui: não é hora de amarelar e dar uma chance para o governo! Eles tiveram dois anos para se preparar e se adequar a lei. Desde o dia 7 de abril nós anunciamos nossa greve. Então, houve tempo cabível para o governo se ajeitar. Agora, usar da Alesc para nos sujeitar a mais uma humilhação? Nem pensar!

Voltar para a sala de aula agora, sem ganho algum, abaixo de ameaça, seria uma COVARDIA POR PARTE DOS EDUCADORES! SERIA PIOR, POIS ALÉM DE NADA GANHAR, ESTARIAMOS PERDENDO MAIS AINDA! Perder nossa regência de classe? Isso e mais outros itens vetados pela nova escrita da MP que vai ser enviada pelo governo para a Alesc.

Eu peço a todos meus companheiros que continuem na luta. Essa greve por si só já é uma vitória. Eu sei que muitos só entraram nessa porque viram seus bolsos sendo maculados. Mas pensemos no coletivo e no futuro de nosso Estado, no futuro da educação. Entramos nessa greve com força total e não podemos sair de mãos vazias!

Ou fazemos dessa nossa hora, ou dizemos adeus para uma educação de qualidade nesse Estado. Se sairmos assim derrotados, com qual cara enfrentaremos nossos alunos?

Professor Wagner Fonseca, catarinense, com orgulho ferido, mas um professor com esperanças ainda!!! – 14 de junho de 2011

Um comentário:

  1. Gostaria de manifestar minha simpatia e apoio pela causa.

    Estamos vendo explicitamente uma mídia que quer colocar os professores contra a sociedade e principalmente contra os pais dos alunos. Mas o que me agrada é ver a mesma sociedade mostrando apoio e força ao lado da classe mais importante para construir uma sociedade de bases sólidas e próspera.

    Na história da humanidade, nenhum país desenvolvido é o que é hoje se não fosse pelo investimento na educação. Isso é fato. A educação é a base de uma nação e os professores são os mestres que contribuem diretamente para esta conquista.

    Mais uma vez, vocês tem meu total apoio e de milhares de pais que estão ao seu lado.

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