quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Escolas péssimas, ACTs inseguros

      
 
       Estamos chegando ao final de mais um ano letivo, um ano daqueles que jamais esqueceremos, afinal lutamos por mais de 60 dias por um direito que até hoje não foi nos dado da forma correta. Mas enfim, como esta a situação nas escolas? Particularmente, na escola Campos Verdes, de Jaguaruna, a que leciono está péssima. 
        Para entender melhor, estamos trabalhando em um prédio que era para ser um mercado, não tem as mínimas condições de servir de escola, estamos há dois anos lá! Este ano tínhamos a promessa de que até em julho a nova escola iria começar a ser construída, até hoje nada, a promessa é dezembro, mas de promessas estamos cheios! Os alunos estão desmotivados, não tem espaço para merendar, brincar, praticar a educação física e estudar, o laboratório de Informática tem mais de 30 computadores, mas somente seis funcionam, a escola não tem verba para arrumar os demais, tão pouco a SDR, os professores ACTs que são a maioria, passaram por uma prova totalmente descontextualizada que não tem a mínima condição de selecionar alguém para dar aulas, alias uma prova com quase 56 mil inscritos na esperança de um concurso e na insegurança de não ter vagas para o ano que vem, os efetivos vivem o fantasma e a insegurança da imposição de um novo plano de carreira e de como ficarão caso as escolas passem a ser municipalizadas, não sabemos se o governo pagará o reajuste do piso em Janeiro e nem se realmente ganharemos algum reajuste. 
       Então junte tudo isso, mais a preocupação com uma educação de qualidade que nos esforçamos para dar e o que temos? Professores doentes, alunos revoltados, direção relapsa aos problemas e um governo que nos desmotiva, e porque continuamos? Realmente me falta uma resposta!
 
         Professor Jonathan Magnum Prim

terça-feira, 15 de novembro de 2011

O fim da educação pública catarinense?




Agora chegamos ao fundo do poço de vez! E lá no escuro recôndito jaz o futuro da educação pública catarinense. O (des)governo Colombo se mostra totalmente descomprometido com a escola pública que é obrigação do Estado.

Estou em sala de aula e não consigo lecionar, minha cabeça dói.  Ontem passei pela terceira vez pela prova dos Act’s e notadamente se percebeu que o número de professores que fizeram a prova diminuiu. Aqui na mesa do professor um folder lindamente produzido pela administração municipal de minha cidade totalmente desnecessário. Recebo as informações referentes ao grupo de estudo proposto pelo (des)governo Colombo e meu chão começa a sumir. Estão destruindo a educação! O que podemos fazer?

Conversando com colegas mais velhos percebo o quanto perdemos em todos esses anos. Nosso Plano de Carreira era composto por vários níveis que acessávamos conforme íamos nos especializando e adquirindo experiência profissional. O que significa que o professor em início de carreira podia vislumbrar o crescimento profissional e futuro financeiro. Ou seja, enquanto professor havia a possibilidade de continuar estudando, se especializar e oferecer mais aos alunos. Nosso Plano de Carreira hoje é reduzido a 12 níveis e longe está de ser perfeito. Agora, alguém lembra o porquê de termos feito uma greve de 62 dias? Queríamos apenas o cumprimento de uma lei federal que nos garante o mínimo salarial a nossa profissão. Drasticamente passamos a lutar pela manutenção de nossas carreiras e a proposição de um “grupo de estudos” passou a ser encarada como alternativa. E aí vem o golpe!

Notícias extremamente absurdas vindas do proposto “grupo de estudo” chegaram até nós. Nosso plano de carreira que precisava ser recomposto foi novamente atacado pelo governo. Os 12 níveis do Plano de Carreira deixaram de existir! No seu lugar, pasmem, 4 tristes níveis, de “professor” com ensino médio (ou aluno recém-formado lecionando) a professor com nível de especialização. Sabem o que isso significa? Que ser professor da educação básica não precisa de muito estudo! Mestrado e Doutorado são considerados dispensáveis pelo governo!!! Mais uma: o professor só vai precisar fazer cursos de aperfeiçoamento a cada 5 anos, pois só assim poderá aumentar um pouco seu salário. Sério isso, para que os professores vão se especializar, continuar se aperfeiçoando? Oferecer o melhor para os alunos? Desnecessário segundo o (des)governo Colombo.

Se tudo isso não bastasse, recebo hoje as notícias da reunião feita entre o governo, diretores, Atp’s (Assistentes Técnicos Pedagógicos) e AE’s (Assistentes de Educação) na sexta-feira. A grosso modo, significa ferrar de vez com os ACT’s. Simples assim. Cada aula, que tratamos como hora-aula, passa a ser vista como falta no caso e ausência. Se o professor ACT trabalha 10 aulas num dia e falta por algum motivo, ao invés de receber uma falta como de costume, receberá 10 faltas!!! É realmente algo além do fim da picada. E ontem, durante a prova dos ACT’s, nós comprovamos o futuro do próximo ano letivo: a falta de professores. Sem contar que na citada reunião, o governo demonstrou claramente em separar professores dos cargos administrativos da escola. Mais uma medida extremamente autoritária de nos dividir e impedir futuros movimentos grevistas!

E assim vemos a educação escorrer pelo ralo. Os cursos que formam professores na faculdade estão fechando suas portas. E as Universidades o que fazem??? Nada!!!!! Dar bolsas de estudos gratuitas não é estímulo! O professor precisa ser valorizado, respeitado e estimulado a formação continuada, todavia, o que vemos é o contrário. O governo teima em sucatear a educação pública descaradamente forçando os pais que podem a pagarem pela rede privada de ensino. Assim ficarão apenas os pobres nas redes públicas capengas e de péssima qualidade. Então veremos professores sendo mortos e quadrilhas se formando dentro das escolas. Junte a tudo isso a desmedida mercantilização da educação e da própria alma humana. Marchar contra a corrupção? De que isso vai adiantar se amanha todos estarão dentro de seus carros acelerando loucamente em nome do trabalho e do emprego que sufoca a liberdade de cada um de nós? Marchamos hoje e nos escondemos em nossas casas. A educação vai sendo destruída e as pessoas vão sendo assassinadas e todos clamam por melhores leis e justiça!!! 

Já dizia um sábio, “Educai as crianças para não reprimir os adultos”. Não aprendemos a lição. Resultado: vamos espalhar câmeras de “segurança” pelas cidades e acabar com nossa privacidade. Alguém disse certa vez que o sistema capitalista tem um jeito fácil de controlar o povo: deixa as coisas ferrarem de vez, ou seja, cria o problema e depois oferece a solução. Podemos estar caminhando para uma nova ditadura e as pessoas nem percebem isso. Por isso precisamos de escolas de qualidade e professores idem. Professores politizados e não alienados. Não falo e partidarismo, falo em política e cidadania, disciplinas que devem ser ensinadas. E alguns defendem que devemos ensinar economia e matemática financeira! Céus?! E viveremos até quando nesse mundo regido por um sistema capitalista predatório?

Vou cair no lugar-comum novamente: SER é melhor que Ter!!! É isso que ensino para meus alunos. Mas eles já sabem de tudo isso que escrevi acima. Eles, assim como eu, temem por nosso futuro em comum. O futuro da educação catarinense. E são enfáticos: “Ser professor? Nem pensar!”

O próximo ano está aí, e ao meu ver, esse nem deveria terminar tamanha falta de humanidade do (des)governo para com os professores!

Professor Wagner Fonseca, ACT, muito enraivecido, 14 de novembro de 2011.