quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Carta do Prof. Everson Semler Matias


Prezado João Paulo Messer, 

            Foram tantos os problemas denunciados sobre a educação que temo que este seja em breve, mais um dos velhos problemas comuns, algo rotineiro que todos sabemos não muda, como a: violência, corrupção e a prostituição de menores.

Serviços públicos como os da educação, saúde e correios parecem caminhar para o mesmo destino. 

Primeiro o corte de 3,10 bilhões de Dilma da educação, depois a esperança que veio se arrastando desde 2008 – O PISO NACIONAL DO MAGISTÉRIO – Uma medida de emergência para conter o rebaixamento do nível de vida dos professores – e que converteu-se, após dois meses de greve, na destruição do nosso plano de carreira. 

Mas como se diz em nossas escolas a greve “serviu para sacudir a poeira”. Nós professores estamos de cabeça erguida, fortes, discutindo, debatendo a educação que queremos e principalmente, denunciando o governo e seus deputados pelo crime cometido com a educação. 

As camisetas e os outdoors dos “deputados inimigos da educação” tem sido um sucesso! Aonde vou utilizando-a sou parado. Converso, explico como estão nossas escolas, sou homenageado por ainda ser professor. Os outdoors provocaram até práticas que antes se assemelhavam as de “marginais”: destruição do painel comunicativo com pedradas, ranhuras e até o corte dos pilares de sustentação como ocorreu no Caravágio.

O último ocorrido parece ser mais sério! Existe uma forte perseguição, com práticas de assédio moral, e violação de um direito constitucional: o democrático. Parece coisa de novela, mas uma professora chegou a identificar em meios à papéis para assinar uma advertência colocada em surdina. O objetivo era chegar ao número de três e assim demiti-la da escola. 

Minha escola, Abílio Cesar Borges de Nova Veneza não chegou a este ponto.  Mas cartazes contendo charges e informações contrárias às políticas do governo do estado estão sendo removidas pela direção, da sala dos professores. De acordo com a mesma, a ordem foi do gerente regional de educação, o professor Rodolfo Michels, conhecido como “finho”. De acordo com a direção a propriedade é pública e não pode conter tais materiais de crítica. Gostaria de lembrar que a sala dos professores não é, tampouco, um ambiente aberto. 

O que há de errado nestes cartazes? 

Não seria isto uma perseguição aberta dentro do ambiente escolar?  Sobretudo com os educadores que não se calam, realizando as discussões em suas escolas, como o professor citado acima?

Nem baixou a poeira da última greve, sacudida de nossas costas e já estamos enfrentando novamente problemas, entre eles: o plano de carreira menos indecente e, sobretudo advertindo os prefeitos e a comunidade sobre outro grave problema: a municipalização do ensino.

Este parece ser somente mais um desabafo de um professor em início de carreira, mas pode jogar luz sobre outro problema: Onde estaria à educação crítica e libertadora que a sociedade tanto precisa e que muitos futuros professores estão aprendendo nos cursos de licenciatura? 

Atenciosamente professor,

Everson Semler Matias